Se não fossem os Metallica muito provavelmente as companhias discográficas teriam continuado a ignorar o Napster e as redes de partilha de ficheiros por muito mais tempo. No entanto, foi precisamente Lars Ulrich, o baterista da popular banda de heavy metal que chamou a atenção dos executivos das majors para o fenómeno quando em Maio de 2000 apareceu em frente da sede da Napster acompanhado de advogados para entregar uma lista com os nomes de mais de 335 mil utilizadores da rede P2P que eram acusados pela banda de descarregarem ilegalmente a sua música.
A encenação serviu para anunciar que os Metallica tinham processado a Napster por permitir a partilha da sua discografia completa. O lítigio acabou num acordo amigável no ano seguinte, nos termos do qual a empresa se comprometia a identificar e a bloquear o acesso dos utilizadores aos MP3 cuja partilha não era autorizada pelos artistas.
Graças a esse fatídico episódio, os Metallica ficaram marcados para sempre como os “lacaios” da indústria discográfica na sua guerra contra os downloads ilegais na Internet. Contudo, a transformação que afectou o negócio da música desde então para cá foi tão radical que o mesmo Lars Ulrich parece ter sido levado a alterar significativamente a sua posição quanto à música digital, conforme se pode ler numa entrevista recente concedida à Rolling Stone (via ZeroPaid).
Num tom um tanto ou quanto hipócrita, o baterista chega mesmo a dizer que a luta dos Metallica contra o P2P nunca teve em vista os downloads por si só, uma vez que a banda vende MP3 e FLAC das suas músicas e até oferece ficheiros grátis de gravações integrais de concertos antigos na secção The Vault do seu site. Comentando a tempestade de críticas por parte dos seus fãs que o seu ataque contra o Napster gerou na altura, Ulrich refere o seguinte:
Naquela altura, havia uma questão muito mais importante que era saber sob que condições (é que os downloads deviam ser feitos). Nós dissemos, “Esperem aí, essa escolha deve caber ao artista” Aí toda a gente se virou contra nós e nós fomos encostados para a berma da estada durante um tempo. Nós fomos sempre bastante independentes e controladores; por vezes por nossa culpa. É por isso que existimos e é por isso que todas essas pessoas aparecem nos nossos concertos.”
Mas a nova face “boazinha” dos Metallica não fica por aqui, já que aparentemente eles também estão seriamente a pensar imitar o modelo dos Radiohead e dos Nine Inch Nails uma vez que estão a um disco - a sair dentro em breve e que conta com a produção de Rick Rubin - de terminar o contrato que os une à Warner Music Group:
Nós queremos ser o mais livres possíveis. Temos estado a observar os Radiohead e Trent Reznor e quando daqui a 27 anos ou o tempo que demorar gravarmos um novo álbum iremos estar atentos a todas as possibilidade que a Internet oferece.
Com que então agora, a Internet já não é o inimigo mas um mar de possibilidades a explorar? Quem os viu e quem os vê!
ctrl c ctrl v do Remixtures
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